Tenho sentido uma enorme vontade escrever ultimamente... quem sabe fazendo esse exercício, vou conseguindo exorcizar as caraminholas da caxola... Nem todos os textos ou contos que escrevo publico-os aqui... muitas vezes escrevemos pequenos bilhetes, que guardamos em alguma pasta do computador, e lá na frente... meses depois relemos eles...
Também tenho sentido falta de conversar com alguém... não para reclamar do tempo, que ora chove, ora tá sol... sinto falta da profusão de idéias orais, como se fosse um brainstorming mesmo... sentar no sofá confortávelmente com uma caneca de café, a luz no lusco fusco, uma boa cia. e deixar a conversa correr solta...
Tenho recebido tanto apoio pela internet, o qual sinceramente não esperava que fosse assim... no entanto, as pessoas que me são caras, não são presentes neste momento de atravessamento... sempre senti uma solidão profunda, daquele tipo que não há ou não cabe explicações... pensei que depois da maternidade isso fosse passar, ledo engano meu... posso não estar só fisicamente agora, mas cala fundo no meu ser o sentimento de vazio, que nem sei se um dia vou saber compreende-lo na sua devida importância...
Minha mão voltou a doer muito... tempos atrás, senti uma dormência e formigamento nos dedos, que se extendeu pela mão e depois deixou o meu braço cansado e ombro dolorido... será alguma LER?... será o sistema nervoso?... podem ser tantas coisas... voltei a tomar remédios para controlar ao menos a dor, enquanto sigo na busca de mais essa resposta...
Os dias tem passado... a médica aumentou a dose do remédio anti-depressivo, o que anda me fazendo um bem danado e tem me auxiliado a transpor esse rio... então tenho tomado mais café sem "culpa", e com a desculpa de que agora ele não me deixa mais tão acelarada... sigo ouvindo mais músicas do que antes e contemplado mais ainda o mar... as discussões mentais deveriam ser verbais mas, lutamos com as armas que dispomos ao nosso alcance...
Não me sinto triste, longe disso... a auto estima está voltando... até comprei roupas e maquiagens novas ainda ontem!... e como tudo são fases, amanhã posso ser diferente... realmente acredito que estarei diferente, só não sei o quanto, nem como, nem aonde, tão pouco de que forma... apenas o que sei no momento, é que todo processo de mudança nos conduz há algum lugar...
Agora mesmo estou observando, aqui da janela do escritório, as crianças brincando com suas pipas na rua... e isso me faz pensar que assim como elas querem que o seu brinquedo alce vôo, também de certa forma deixam o vento conduzi-lo... trazendo essa comparação a vida, penso que a única coisa que temos o controle, é o "fio" dos sentimentos... o restante pode ser "levado" com o vento... que hoje é leve e nos refresca ou, tão forte que não conseguimos muitas vezes resistir e nos recolhemos... até que amanhã, ele nos deixa apenas um doce beijo na face...