Cresci vendo a minha tia querida costurar... toda vez que ia na casa dela passear, passava às tardes brincando com seus alfinetes coloridos de cabeça de vidro e achava aquilo o máximo!
Certo dia, pedi para a minha tia fazer barras nas calças do meu marido... eu nunca tinha feito uma barra de calça sequer na mão, quiçá em máquina de costura...
Ela se recusou a fazer e me perguntou se eu gostava de costurar... como assim costurar? Nunca fiz nada em máquina de costura... e o meu contato mais próximo com uma, foi nos tempos de criança na casa dela, enquanto ficava no chão acapertado de seu quarto vendo-a costurar...
Para a minha grata surpresa, ela disse que me daria uma máquina de costura de presente e que eu mesma teria que fazer as barras das calças... Na hora fiquei feliz e assustada! Como eu iria fazer barras de calças, se nem se sentar em frente a uma máquina de costura já tinha?
A máquina que me foi dada de presente, pertencia a mãe do meu tio (esposo da minha tia). Assim que a vi, fiquei tão eufórica, que quis levá-la imediatamente para a minha casa... A única diferença no presente, era que a minha tia tirou a máquina da mesa em que ela veio e colocou em um gabinete de costura, da sua máquina de uso...
Então, foi desta forma que entrei no mundo da costura... Confesso que nunca nos entendemos muito bem... sempre digo que essa máquina me "morde" pois, não consigo controlar sua velocidade no pedal e acabo por errar na costura... acredito que seja por falta de uso mesmo...
Assim que nos mudamos para São Francisco do Sul, tanto a máquina de costura, como outros aparelhos eletrodomésticos, deixaram de ser "úteis" já que a voltagem da energia aqui é 220WS, enquanto em São Paulo é 110WS...
Alguns equipamentos eu doei, mas a máquina de costura não... Acabei encontrando por aqui, uma lojinha de consertos e reparos em máquinas de costura... e foi assim que começou uma amizade como Sr. Jorge... um alemão bonachão, residente de Joinville mas que escolheu São Francisco do Sul para ter sua loja... ele trocou o motor da máquina e fez um nova manutenção, deixando-a tinindo...
Toda feliz, comecei a me interessar um pouco mais por costura... fiz algumas pecinhas, tais como: pega-panela, sacola para compras e saquinhos...
Mas há tempos vinha alimentando um desejo de ter uma máquina nova, dessas modernas cheias de pontos decorativos e mais silenciosa... Meu marido me disse para ter paciência e ir treinando mais, com a máquina que ganhei da minha tia... assim, quando resolvesse trocar de máquina, não sentiria tanta diferença e nem correria o risco de danificar o novo equipamento...
Hoje, como em outros dias, voltando para casa, passei em frente a loja do Sr. Jorge e parei para bater papo e perguntar como ia a vida (coisa comum por aqui)... Conversa vai, conversa vem, perguntei para ele quais eram as lojas em Joinville que vendiam máquinas de costura doméstica... minha intenção seria somente a de ir conhecer ao vivo as máquinas atuais e quem sabe, já ir planejando uma troca...
Ele tinha lá em sua loja, uma máquina de costura Singer Prêt à Porter... nunca tinha visto uma de perto, mas gostei dela... ele ligou a máquina e pediu-me que fizesse um "test drive"... que maravilha... que silêncio... que macia... fiquei encantada!
Não resisti! Fizemos negócio na mesma hora... Ele ficou com a minha máquina de costura antiga e eu, voltei a diferença em dinheiro...
Não comprei uma máquina de costura moderna, mas também ainda não aprendi a fazer barras de calças!