24 de novembro de 2011

As marcas dos 35...


Descobri que o meu corpo tem várias marcas... algumas estampadas na minha pele, algumas escondidas no meu coração e, outras tantas nas gavetinhas das minhas memórias...

Ao completar 35 anos de vida, tenho a sensação de que cheguei no meio da minha jornada, ainda sem alcançar o caminho do meio... andando por trilhas sinuosas que ora me levam a boas experiências e também a percalços... apenas descobri que o prazer da jornada está na pausa, para a contemplação... o caminho em sí é o exercício constante e diário...

Buscar cicatrizar as marcas da pele, afagar as do coração e amainar as marcas da mente, me faz pausar e refletir de que somos feitos de impressões, de marcas e de cicatrizes, que adquirimos ao decorrer da vida... e de todo efeito, por mais profundas ou visíveis que elas sejam, elas são parte da minha história, parte de quem eu sou...

Tenho algumas bem visíveis que gostaria de esconder... a cicatriz de um machucado de infância, as linhas sinuosas das estrias, as manchas do sol na pele e até algumas pintinhas no rosto... outras, faço questão de mostrar de tal sorte, que nem se fosse possível através da cirurgia plástica eu as retiraria... as cicatrizes das minhas duas cesárias, a mancha de nascimento em meu braço (me lembra um desejo da minha mãe na gestação), a minha primeira pintinha no braço e outras tantas que contam a minha história...

Já as marcas do coração, precisaria de um livro para descreve-las... são tantas! e bem guardadas, que por vezes eu mesma nem consigo me lembrar de todas elas... são mais profundas que as da pele... algumas doloridas, outras saudosas de alguém ou algo... que apenas se mostram em determinadas situações ou momentos... é quando eu alongo os meus braços, adoço as palavras e tenho um brilho no olhar... aí sim, é possível vê-las, senti-las...

E aquelas todas que ficam na minha mente, essas sim eu sinto o maior prazer em guardá-las... pois é através delas que sou quem eu sou... são elas que me dão suporte para olhar o passado, enxergar o feio e o bonito, na esperança de fazer o certo prá mim.. Nenhuma delas é passível de ver, apenas de sentir... a lembrança do perfume da cozinha da minha avó materna, o som dos domingos em família, a sensação de estar com alguém, a visão dos rostinhos das minhas filhas no nascimento, a paz de espírito ao contemplar o mar, o tato na maciez dos lençóis lavados e passados... essas são marcas invisíveis, que só a mente consegue enxergar e, é nela que guardo as que me são mais queridas pois, é quando abro as gavetinhas das memórias e descubro os pequenos grandes tesouros que acumulei até aqui...

São essas as marcas dos meus 35 anos, completados no dia 23 de novembro de 2011... e são estas mesmo, que irão me capacitar para os próximos anos que virão... e ontem, ao pisar na areia na beira do mar, desejei adquirir outras tantas marcas, para que um dia eu possa contar novamente essa mesma história... só que um pouco mais de experiência!