21 de novembro de 2013

Chaves que libertam-nos...

Neste exato momento em que escrevo este post, está chovendo... o céu está cinzento, há muitas brumas na montanha que avisto da janela do atelier... o ar está fresco e sinto o cheiro da grama molhada no quintal...

Retornei da praia agora a pouco... no trajeto de retorno, me veio a inspiração para escrever este post... falar sobre chaves, mais não chaves materiais apenas... e sim as chaves que encontramos, em nossa busca no processo de transformação...

Há cerca de um ano e meio atrás, comentei aqui no blog que alterei meu estado civil... me divorciei, depois de um casamento de dez anos, cujo fruto são as minhas duas bonecas que volta e meia vocês veem por aqui...


Qualquer perda ou separação, é uma forma de luto... é preciso se conscientizar de todo o processo, assimilar bem o estado atual e seguir adiante... mesmo tendo partido da minha vontade pedir o divórcio, não foi um processo tão simples assim... é uma grande mudança na vida, ainda mais que fiquei com a guarda e responsabilidade de duas crianças pequenas, em uma cidade muito longe da minha terra natal, e sem nenhuma referência de parentesco por aqui...

Busquei um auxilio terapêutico para me ajudar nesse processo de transição... a chave em questão não é material, mais ela tem forma, sentimentos, feminina e tem um nome diferente... Foi e ainda está sendo através da terapia com a Dra. Anaracy que tenho conseguido me redescobrir... penso que talvez sozinha eu conseguisse bons frutos, mais o processo seria muito mais moroso, lento, árduo e eu não teria toda a capacidade de enxergar dentro da minha alma, como ela faz...

Posso afirmar com segurança total, que foi através dela, figurando-a como uma chave para os meus sentimentos, que me libertei das amarras do passado, sentindo-me livre para seguir em frente, sem fantasmas me assombrando... aprendi a conviver com os meus medos e inseguranças, convidando eles para um jantar e acendendo velas para criar um clima ameno, quando todos se olham e se apresentam... assim, conhecendo-os, vejo que suas facetas não são mais sinistras de quando eu nem sequer gostaria de assumir as suas existências...

E foi nessa reconquista do meu Eu, que fui encontrando chave por chave para abrir as travas que se instalaram no meu entorno... o caminho para encontrar a chave certa não é simples... muitas e muitas noites chorei sozinha em casa, crente de que eu não conseguiria... já querendo que se instalasse um sentimento de conformismo, porque as batalhas são árduas e nem sempre há tréguas para o descanso necessário...

Algumas vezes cheguei a dizer que o fundo do meu poço não era o final da linha... ainda consegui encontrar uma pequena porta, que conduzia a um alçapão para um plano mais profundo ainda... vesti-me do luto, senti o amargo em minha boca dos sentimentos que eu nunca quis provar, me permiti caminhar pelas sombras da minha mente... só assim, apenas dessa maneira, eu pude me conhecer por completo... hoje, posso dizer que conheço as minhas facetas, os meus sentimentos e consigo escolher com segurança emocional o que me faz bem, diferenciando daquilo que supostamente me é apenas confortável naquele momento...

Tenho um apreço especial pelo filósofo Friedrich Nietzche... em várias situações que ele escreveu, consigo me identificar muito bem... uma de suas citações, cabe muito bem aqui... "Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você."


Sábado que vem completarei 37 anos... me dei de presente este ano a última chave... o último passo para a libertação completa, dessa transição... aluguei uma casa, de frente para o mar!

É uma casa singela, não tem luxo algum... mais será na medida exata e necessária para comportar toda a minha vontade de reviver de forma plena, quiçá única daqui para frente... estamos deixando a casinha ao pé da montanha para traz... e com ela, deixo uma história com um final não tão feliz como nos filmes, mais de uma moral e ensinamentos, que me abriram os horizontes da alma como nunca pensei ser possível, não nesta plenitude e intensidade...

Minha gratidão pelo tempo que aqui passei... meus melhores sentimentos de realmente ter conseguido passar por isto... minha sensações de que o que daqui adiante tiver que ser, será apenas da maneira que eu mesma traçar, porque a vida que quero viver, só depende de mim...